domingo, 25 de dezembro de 2011

RESULTADO O VESTIBULAR PARA PEDAGOGIA
1° Marlúcia Pereira de Sousa Farias 360 170 380 910 Aprovado
2° José Wilame Cavalcante Matos 320 130 395 845 Aprovado
3° Maria Madalena Ribeiro Vieira 260 120 390 770 Aprovado
4° Mayara de Freitas Lima 240 130 390 760 Aprovado
5° Francisca da Saúde Marques Pereira 200 100 360 760 Aprovado
6° Jéssica de Lira Carmo 280 130 340 750 Aprovado
7° Jéssica Ribeiro Lopes 220 110 390 720 Aprovado
8° Auzelina Teixeira de Oliveira 260 110 340 710 Aprovado
9° Rosana Damasceno Campos 260 130 320 710 Aprovado
10° Adryana Bernardo Rodrigues 200 90 380 670 Aprovado
11° Alcione Gomes de Souza 260 100 300 660 Aprovado
12° Maria Vanderli da Silva Bezerra 220 110 320 650 Aprovado
13° Beatriz Veras de Sousa 220 120 310 650 Aprovado
14° Roberto Freitas Sousa 200 100 280 580 Aprovado
15° Jéssica Vieira de Freitas 220 120 240 580 Aprovado
16° Egileuda Damasceno Campos da Silva 220 140 220 580 Aprovado
17° Luiza Maria Barbosa de Sousa 200 140 230 570 Aprovado
18° Lidiane Ribeiro Braga 240 110 210 560 Aprovado
19° Erbene Jerônimo da Silva 240 130 190 560 Aprovado
20° Cleidimara Farias Araújo 220 120 200 540 Aprovado
21° Samara Maria Fernandes de Sousa 240 90 200 530 Aprovado
22° Karina Belarmino Ramos 240 120 170 530 Aprovado
23° Diele Farias Sales 220 130 170 520 Aprovado
24° Eliene Pinto de Sousa 240 110 160 510 Aprovado
25° Maria Claudete Martins de Souza 200 80 200 480 Aprovado
26° Márcio Belarmino Ramos 220 90 170 480 Aprovado
27° Pedro Augusto de Sousa Lopes 160 110 140 410 Aprovado
28° Antonia Izeuda Furtado Marinho 220 90 80 390 Aprovado
29° Leda Maria Freitas Sousa 200 110 80 390 Aprovado
30° Ligiane Martins de Sousa 180 110 80 370 Aprovado
31° Maria Aurileide Souza da Costa 220 100 50 370 Aprovado
32° Eliane Lima Camelo 140 100 90 330 Aprovado
33° Antonia Leila Barbosa de Sena 160 100 50 310 Aprovado
PERCENTUAL MÍNIMO DO GRUPO I OU II DA PROVA NÃO ATINGIDO, SUPRIDO PELA NOTA DE REDAÇÃO
34° Maria Elisângela de Paiva Melo Carvalho 120 80 100 390 Aprovado
35° Sueli da Costa Souza 140 70 100 310 Aprovado
36° Elisângela Gonçalves Camelo Melo 180 40 90 310 Aprovado
37° Maria Aparecida Saturnino Lima 140 90 80 310 Aprovado

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

11,4 milhões vivem em favelas no País 22.12.2011 imprimir email Clique para Ampliar MARCELO HORN/GOVERNO RJ A Rocinha é o maior aglomerado urbano subnormal do Brasil, com quase 70 mil habitantes, segundo o Censo de 2010 A situação mais grave ocorre na região de Belém, onde 54% da população vivem em condições precárias Rio de Janeiro. Dados do Censo 2010 revelam que 11,4 milhões de brasileiros, o equivalente à população da Grécia, vivem em áreas ocupadas irregularmente e com carência de serviços públicos ou urbanização, como favelas, palafitas, grotas e vilas. Isso representa 6% dos habitantes do País. É o retrato mais preciso já feito dessas áreas, e mostra que o problema é concentrado nas regiões metropolitanas, mas espalhado por todos os Estados. Dez favelas têm população maior que 40 mil, superior a 86% dos municípios brasileiros. Em 2000, o IBGE identificou 6,5 milhões de pessoas, ou 4% do total, em "aglomerados subnormais", denominação usada pelo instituto. Em 2010, foram localizadas 6.329 favelas em 323 municípios. Ficam de fora do levantamento áreas precárias, mas regularizadas, ou irregulares, mas sem precariedade. A pesquisa revelou também que o quadro mais grave de moradia está na região metropolitana de Belém (PA), onde 54% da população vive em favelas e similares. No caso de serviços básicos, o que mais diferencia as favelas das áreas de ocupação regular das cidades é a proporção de casas com coleta adequada de rede de esgoto. Para a relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada, Raquel Rolnik, novos assentamentos precários irão surgir no País nos próximos anos. Ela aponta como motivos a elevação dos preços dos terrenos e as remoções mal conduzidas para a realização de obras, como as da Copa de 2014. Em 18% dos domicílios dessas áreas, a renda per capita era inferior a R$ 128. É uma taxa superior à do restante das cidades (9%), mas menor do que a de domicílios rurais (28%). Maior população O Rio de Janeiro é a cidade com a maior população vivendo em aglomerados subnormais do País, segundo o Censo. São 1.393.314 pessoas nas 763 favelas do Rio, ou seja, 22,03% dos 6.323.037 moradores do Rio. A cidade fica à frente inclusive de São Paulo, cuja população nas favelas e loteamentos irregulares é de 1.280.400, embora a capital paulista tenha mais aglomerados subnormais do que a fluminense, 1.020 ao todo. Também fica no Rio a maior favela do País, a Rocinha, com 69.161 moradores em 2010. De acordo com a pesquisa, a falta de uma solução adequada para a coleta de esgoto é o principal problema de saneamento nas favelas. Apenas 67,3% dos domicílios eram ligados à rede coletora de esgoto ou dispunham de fossa séptica. DESIGUALDADE 1,3 milhão de pessoas vivem nas 763 favelas do Rio, ou seja, 22,03% dos 6.323.037 moradores do Estado. Em São Paulo, a população nas comunidades chega a 1,2 milhão Maior incidência de analfabetismo Rio de Janeiro A taxa de analfabetismo entre as pessoas com 15 anos ou mais que vivem em favelas é 8,4%, o dobro da relativa às áreas urbanas regulares de municípios que concentram essas comunidades. O estudo revela que a situação mais grave é encontrada em Alagoas, onde 26,7% das pessoas que moram em assentamentos irregulares são analfabetas. Em seguida, aparecem a Paraíba (21,3%) e o Rio Grande do Norte (16,3%). A taxa de analfabetismo no Brasil é 9,6%. Ainda de acordo com o levantamento, mais da metade dos moradores de aglomerados subnormais (55,5%) são pessoas pardas, seguidas de brancas (30,6%) e de pretas (12,9%). A maior parte da população (34%) dessas comunidades tem rendimento mensal na faixa que vai de mais de meio salário mínimo até um salário mínimo. Apenas 4,6% ganham mais de dois salários mínimos. Entre a população que vive nas áreas urbanas regulares em municípios com ocorrência de favelas, 26% têm rendimentos que vão de mais de meio salário mínimo até um salário mínimo e 27,1% ganham mais do que dois salários mínimos. O levantamento aponta também que a população das favelas é, em média, mais jovem do que a de áreas de ocupação regular nas cidades com comunidades carentes. Enquanto nos aglomerados subnormais a idade média dos moradores é 27,9, nessas outras regiões urbanas é 32,7.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Formação rochosa pode comprovar a existência de água em Marte

10/12/2011
Em 20 de novembro passado, publicamos aqui no OVNI Hoje uma matéria sobre pedras anômalas encontradas em Marte.
As pedras pareciam algo feito artificialmente, mas a NASA explicou que as formações não são nada mais do que um veio de gipsita, e a existência deste veio comprova a existência de água em Marte.
Os dados foram enviados pela sonda (jipe) Opportunity, que após oito anos ainda está enviando informações para a Terra.
O cientista Steve Squyres, da Cornell University, disse: “A descoberta foi muito legal.  Para mim, este é a maior prova de evidência já encontrada pelo Opportunity de água líquida em Marte. Já havíamos encontrado sulfatos (gipsita) antes.  Esses sulfatos se formaram em outros lugares, não sabemos aonde.  Eles se foram movidos pelo vento e sido misturado com outros materiais…  …[este achado recente] formou-se bem aqui.  Havia uma fratura na rocha, a água fluir através dela e a gipsita se precipitou da água. Fim da história.  Não há ambiguidade.
Todas as indicações apontam que este veio é constituído de sulfato de cálcio hidratado, relativamente puro.  Maiores análises serão necessárias para colocar um fim nas dúvidas dos cientistas.
n3m3

Leia mais: http://ovnihoje.com/2011/12/8649/#ixzz1g7mdZJIW

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O longa Tropa de Elite 2 é um dos concorrentes.
divulgação
Foto
63 filmes estão na disputa
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou a lista dos filmes inscritos pelos países na categoria de melhor filme estrangeiro para o Oscar 2012. 63 filmes irão disputar o título, entre eles o grande sucesso de bilheteria, Tropa de Elite 2.
O filme nacional concorreu com outros 14 importantes longas como “Assalto ao Banco Central", "Bruna Surfistinha", "Malu de Bicicleta" e "VIPS". O capitão Nascimento foi escolhido como representante do país, no dia 20 de setembro, pela comissão Especial de Seleção da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura.
O longa ganhou o prêmio Urso de Ouro e torce pelo principal prêmio mundial do cinema, o Oscar! Agora é torcer para que filme do diretor José Padilha traga mais uma vitória para o Brasil!
Confira abaixo a lista dos demais concorrentes. A relação dos cinco indicados será divulgada em 26 de fevereiro.
África do Sul
Skoonheid, de Oliver Hermanus
Albânia
Amnesty, de Bujar Alimani
Alemanha
Pina, de Wim Wenders
Argentina
Aballay, el Hombre Sin Medo, de Fernando Spiner
Áustria
Breathing, de Karl Markovics
Bélgica
Rundskop, de Michael R. Roskam
Bósnia & Herzegovina
Belvedere, de Ahmed Imamovic
Brasil
Tropa de Elite 2, de José Padilha
Bulgária
Tilt, de Viktor Chouchkov
Canadá
Monsieur Lazhar, de Philippe Falardeau
Casaquistão
Returning to the 'A, de Egor Mikhalkov-Konchalovsky
Chile
Violeta, de Andrés Wood
China
Flowers of War, de Zhang Yimou
Cingapura
Tatsumi, de Eric Khoo
Colômbia
Los Colores de la Montana, de Carlos Cesar Arbelaez
Coreia do Sul
The Frontine, de Jang Hun
Croácia
72 Days, de Danielo Serbedzija
Cuba
Habanastation, de Ian Padron
Dinamarca
Super Clássico, de Ole Christian Madsen
Egito
Lust, de Khaled El Hagar
Eslováquia
Gypsy, de Martin Sulik
Espanha
Pa Negre, de Agusti Villaronga
Estônia
Letters to Angel, de Sulev Keedus
Filipinas
The Woman in the Septic Tank, de Marlon Rivera
Finlândia
O Porto, de Aki Kaurismaki
França
A Guerra Está Declarada, de Valerie Donzelli
Geórgia
Chantrapas, de Otar Iosseliani
Grécia
Attenberg, de Athina Rachel Tsangari
Holanda
Sonny Boy, de Maria Peters
Hong Kong
A Simple Life, de Anna Hui
Hungria
O Cavalo de Turim, de Bela Tarr
Índia
Adaminte Makan Abu, de Salim Ahamed
Indonésia
Under the Protection of Ka'Bah, de Hanny R. Saputra
Irã
A Separação, de Asghar Farhadi
Irlanda
As If I Am Not There, de Juanita Wilson
Islândia
Volcano, de Runar Runarsson
Israel
Footnote, de Joseph Cedar
Itália
Terraferma, de Eamnuele Crialese
Japão
Post Card, de Kaneto Shindo
Líbano
Et Maintenant, On Va Ou?, de Nadine Labaki
Lituânia
Back in Your Arms, de Kristijonas Vildziunas
Macedônia
Punk's Not Dead, de Vladimir Blazevsky
Marrocos
Omar Killed Me, de Roschdy Zem
México
Miss Bala, de Geraldo Naranjo
Nova Zelândia
The Orator, de Tusi Tamasese
Noruega
Happy, Happy, de Anne Sewitsky
Peru
Outubro, de Daniel e Diego Vega
Polônia
In Darkness, de Agnieska Holland
Portugal
José e Pilar, de Miguel Gonçalves Mendes
Reino Unido
Patagonia, de Marc Evans
República Dominicana
La Hija Natural, de Leticia Tonos
República Tcheca
Alois Niebel, de Thomas Lunak
Romênia
Morgen, de Marian Crisan
Rússia
Burnt by the Sun: The Citadel, de Nikita Mikhalkov
Sérvia
Montevideo - Taste of a Dream, de Dragan Bjelogrlic
Suécia
Beyond, de Pernilla August
Suíça
Giochi d'Estate, de Rolando Colla
Tailândia
Kon Khon, de Sarunyu Wongkrachang
Taiwan
Warriors of the Rainbow: Seediq Bale, de Wei Te-sheng
Turquia
Era uma Vez na Anatólia, de Nuri Bilge Ceylan
Venezuela
El Rumor de las Piedras, de Alejandro Bellame
Vietnã
Thang Long Aspiration, de Lu'u Trong Ninh
Uruguai
A Casa, de Gustavo Hernandez

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor! Se É jovem, não tem experiência. Se É velho, está superado. Se Não tem automóvel, é um pobre coitado. Se Tem automóvel, chora de "barriga cheia'. Se Fala em voz alta, vive gritando. Se Fala em tom normal, ninguém escuta. Se Não falta ao colégio, é um 'caxias'. Se Precisa faltar, é um 'turista'. Se Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos. Se Não conversa, é um desligado. Se Dá muita matéria, não tem dó do aluno. Se Dá pouca matéria, não prepara os alunos. Se Brinca com a turma, é metido a engraçado. Se Não brinca com a turma, é um chato. Se Chama a atenção, é um grosso. Se Não chama a atenção, não sabe se impor. Se A prova é longa, não dá tempo. Se A prova é curta, tira as chances do aluno. Se Escreve muito, não explica. Se Explica muito, o caderno não tem nada. Se Fala corretamente, ninguém entende. Se Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário. Se Exige, é rude. Se Elogia, é debochado. Se O aluno é reprovado, é perseguição. Se O aluno é aprovado, deu 'mole'.

Governo lança plano bilionário de combate ao crack

Investimentos devem chegar a R$ 4 bilhões até 2014


Alexandre Padilha, ministro da Saúde
Alexandre Padilha, ministro da Saúde: "o que precisa de repressão é o traficante e o contrabando. O usuário precisa de serviços abertos”
Brasília – O governo federal lançou hoje (7) um conjunto de ações para o enfrentamento ao crack, com previsão de investimento de R$ 4 bilhões até 2014. As ações estão estruturadas em três eixos – cuidado, prevenção e autoridade – e serão desenvolvidas de forma integrada com estados e municípios
No eixo cuidado estão previstas iniciativas para ampliar a oferta de tratamento de saúde aos usuários de drogas e a qualificação de profissionais. Será criada a rede de atendimento Conte com a Gente, com estrutura diferenciada para atender pacientes em diferentes situações e auxiliar dependentes químicos na superação do vício e na reinserção social.
Outra ação na área de cuidado será a criação de enfermarias especializadas nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), com investimentos de R$ 670,6 milhões para a criação de 2.462 leitos exclusivos para usuário de drogas.
Esses leitos serão usados para atendimentos e internações de curta duração durante crises de abstinência e em casos de intoxicações graves. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para estimular a implantação desses espaços, o valor da diária de internação repassado pela pasta aos estados e municípios poderá ser quatro vezes maior – de R$ 57 para até R$ 200.
“É muito bom ter um plano que tem o cuidado como grande prioridade. Temos que distinguir o que precisa ser distinto. O que precisa de repressão é o traficante e o contrabando. O usuário precisa de serviços abertos”, disse Padilha.

dezembro
2008

Quem escreveu a Bíblia?

A história de Deus foi escrita pelos homens. Mas quem é o autor do livro mais influente de todos os tempos? As respostas são surpreendentes - e vão mudar sua maneira de ver as Escrituras

por Texto José Francisco Botelho

Em algum lugar do Oriente Médio, por volta do século 10 a.C., uma pessoa decidiu escrever um livro. Pegou uma pena, nanquim e folhas de papiro (uma planta importada do Egito) e começou a contar uma história mágica, diferente de tudo o que já havia sido escrito. Era tão forte, mas tão forte, que virou uma obsessão. Durante os 1 000 anos seguintes, outras pessoas continuariam reescrevendo, rasurando e compilando aquele texto, que viria a se tornar o maior best seller de todos os tempos: a Bíblia. Ela apresentou uma teoria para o surgimento do homem, trouxe os fundamentos do judaísmo e do cristianismo, influenciou o surgimento do islã, mudou a história da arte – sem a Bíblia, não existiriam os afrescos de Michelangelo nem os quadros de Leonardo da Vinci – e nos legou noções básicas da vida moderna, como os direitos humanos e o livre-arbítrio. Mas quem escreveu, afinal, o livro mais importante que a humanidade já viu? Quem eram e o que pensavam essas pessoas? Como criaram o enredo, e quem ditou a voz e o estilo de Deus? O que está na Bíblia deve ser levado ao pé da letra, o que até hoje provoca conflitos armados? A resposta tradicional você já conhece: segundo a tradição judaico-cristã, o autor da Bíblia é o próprio Todo-Poderoso. E ponto final. Mas a verdade é um pouco mais complexa que isso.
A própria Igreja admite que a revelação divina só veio até nós por meio de mãos humanas. A palavra do Senhor é sagrada, mas foi escrita por reles mortais. Como não sobraram vestígios nem evidências concretas da maioria deles, a chave para encontrá-los está na própria Bíblia. Mas ela não é um simples livro: imagine as Escrituras como uma biblioteca inteira, que guarda textos montados pelo tempo, pela história e pela fé. Aliás, o termo “Bíblia”, que usamos no singular, vem do plural grego ta biblia ta hagia – “os livros sagrados”. A tradição religiosa sempre sustentou que cada livro bíblico foi escrito por um autor claramente identificável. Os 5 primeiros livros do Antigo Testamento (que no judaísmo se chamam Torá e no catolicismo Pentateuco) teriam sido escritos pelo profeta Moisés por volta de 1200 a.C. Os Salmos seriam obra do rei Davi, o autor de Juízes seria o profeta Samuel, e assim por diante. Hoje, a maioria dos estudiosos acredita que os livros sagrados foram um trabalho coletivo. E há uma boa explicação para isso.
As histórias da Bíblia derivam de lendas surgidas na chamada Terra de Canaã, que hoje corresponde a Líbano, Palestina, Israel e pedaços da Jordânia, do Egito e da Síria. Durante séculos acreditou-se que Canaã fora dominada pelos hebreus. Mas descobertas recentes da arqueologia revelam que, na maior parte do tempo, Canaã não foi um Estado, mas uma terra sem fronteiras habitada por diversos povos – os hebreus eram apenas uma entre muitas tribos que andavam por ali. Por isso, sua cultura e seus escritos foram fortemente influenciadas por vizinhos como os cananeus, que viviam ali desde o ano 5000 a.C. E eles não foram os únicos a influenciar as histórias do livro sagrado.
As raízes da árvore bíblica também remontam aos sumérios, antigos habitantes do atual Iraque, que no 3o milênio a.C. escreveram a Epopéia de Gilgamesh. Essa história, protagonizada pelo semideus Gilgamesh, menciona uma enchente que devasta o mundo (e da qual algumas pessoas se salvam construindo um barco). Notou semelhanças com a Bíblia e seus textos sobre o dilúvio, a arca de Noé, o fato de Cristo ser humano e divino ao mesmo tempo? Não é mera coincidência. “A Bíblia era uma obra aberta, com influências de muitas culturas”, afirma o especialista em história antiga Anderson Zalewsky Vargas, da UFRGS.
Foi entre os séculos 10 e 9 a.C. que os escritores hebreus começaram a colocar essa sopa multicultural no papel. Isso aconteceu após o reinado de Davi, que teria unificado as tribos hebraicas num pequeno e frágil reino por volta do ano 1000 a.C. A primeira versão das Escrituras foi redigida nessa época e corresponde à maior parte do que hoje são o Gênesis e o Êxodo. Nesses livros, o tema principal é a relação passional (e às vezes conflituosa) entre Deus e os homens. Só que, logo no começo da Beeblia, já existiu uma divergência sobre o papel do homem e do Senhor na história toda. Isso porque o personagem principal, Deus, é tratado por dois nomes diferentes.
Em alguns trechos ele é chamado pelo nome próprio, Yahweh – traduzido em português como Javé ou Jeová. É um tratamento informal, como se o autor fosse íntimo de Deus. Em outros pontos, o Todo-Poderoso é chamado de Elohim, um título respeitoso e distante (que pode ser traduzido simplesmente como “Deus”). Como se explica isso? Para os fundamentalistas, não tem conversa: Moisés escreveu tudo sozinho e usou os dois nomes simplesmente porque quis. Só que um trecho desse texto narra a morte do próprio Moisés. Isso indica que ele não é o único autor. Os historiadores e a maioria dos religiosos aceitam outra teoria: esses textos tiveram pelo menos outros dois editores.
Acredita-se que os trechos que falam de Javé sejam os mais antigos, escritos numa época em que a religiosidade era menos formal. Eles contêm uma passagem reveladora: antes da criação do mundo, “Yahweh não derramara chuva sobre a terra, e nem havia homem para lavrar o solo”. Essa frase, “não havia homem para lavrar o solo”, indica que, na primeira versão da Bíblia, o homem não era apenas mais uma criação de Deus – ele desempenha um papel ativo e fundamental na história toda. “Nesse relato, o homem é co-criador do mundo”, diz o teólogo Humberto Gonçalves, do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, no Rio Grande do Sul.
Pelo nome que usa para se referir a Deus (Javé), o autor desses trechos foi apelidado de Javista. Já o outro autor, que teria vivido por volta de 850 a.C., é apelidado de Eloísta. Mais sisudo e religioso, ele compôs uma narrativa bastante diferente. Ao contrário do Deus-Javé, que fez o mundo num único dia, o Deus-Elohim levou 6 (e descansou no 7o). Nessa história, a criação é um ato exclusivo de Deus, e o homem surge apenas no 6o dia, junto aos animais.
Tempos mais tarde, os dois relatos foram misturados por editores anônimos – e a narrativa do Eloísta, mais comportada, foi parar no início das Escrituras. Começando por aquela frase incrivelmente simples e poderosa, notória até entre quem nunca leu a Bíblia: “E, no início, Deus criou o céu e a terra...”
Em 589 a.C., Jerusalém foi arrasada pelos babilônios, e grande parte da população foi aprisionada e levada para o atual Iraque. Décadas depois, os hebreus foram libertados por Ciro, senhor do Império Persa – um conquistador “esclarecido”, que tinha tolerância religiosa. Aos poucos, os hebreus retornaram a Canaã – mas com sua fé transformada. Agora os sacerdotes judaicos rejeitavam o politeísmo e diziam que Javé era o único e absoluto deus do Universo. “O monoteísmo pode ter surgido pelo contato com os persas – a religião deles, o masdeísmo, pregava a existência de um deus bondoso, Ahura Mazda, em constante combate contra um deus maligno, Arimã. Essa noção se reflete até na idéia cristã de um combate entre Deus e o Diabo”, afirma Zalewsky, da UFRGS.
A versão final do Pentateuco surgiu por volta de 389 a.C. Nessa época, um religioso chamado Esdras liderou um grupo de sacerdotes que mudaram radicalmente o judaísmo – a começar por suas escrituras. Eles editaram os livros anteriores e escreveram a maior parte dos livros Deuteronômio, Números, Levítico e também um dos pontos altos da Bíblia: os 10 Mandamentos. Além de afirmar o monoteísmo sem sombra de dúvidas (“amarás a Deus acima de todas as coisas” é o primeiro mandamento), a reforma conduzida por Esdras impunha leis religiosas bem rígidas, como a proibição do casamento entre hebreus e não-hebreus. Algumas das leis encontradas no Levítico se assemelham à ética moderna dos direitos humanos: “Se um estrangeiro vier morar convosco, não o maltrates. Ama-o como se fosse um de vós”.
Outras passagens, no entanto, descrevem um Senhor belicoso, vingativo e sanguinário, que ordena o extermínio de cidades inteiras – mulheres e crianças incluídas. “Se a religião prega a compaixão, por que os textos sagrados têm tanto ódio?”, pergunta a historiadora americana Karen Armstrong, autora de um novo e provocativo estudo sobre a Bíblia. Para os especialistas, a violência do Antigo Testamento é fruto dos séculos de guerras com os assírios e os babilônios. Os autores do livro sagrado foram influenciados por essa atmosfera de ódio, e daí surgiram as histórias em que Deus se mostra bastante violento e até cruel. Os redatores da Bíblia estavam extravasando sua angústia.
Por volta do ano 200 a.C., o cânone (conjunto de livros sagrados) hebraico já estava finalizado e começou a se alastrar pelo Oriente Médio. A primeira tradução completa do Antigo Testamento é dessa época. Ela foi feita a mando do rei Ptolomeu 2o em Alexandria, no Egito, grande centro cultural da época. Segundo uma lenda, essa tradução (de hebraico para grego) foi realizada por 72 sábios judeus. Por isso, o texto é conhecido como Septuaginta. Além da tradução grega, também surgiram versões do Antigo Testamento no idioma aramaico – que era uma espécie de língua franca do Oriente Médio naquela época.
Dois séculos mais tarde, a Bíblia em aramaico estava bombando: ela era a mais lida na Judéia, na Samária e na Galiléia (províncias que formam os atuais territórios de Israel e da Palestina). Foi aí que um jovem judeu, grande personagem desta história, começou a se destacar. Como Sócrates, Buda e outros pensadores que mudaram o mundo, Jesus de Nazaré nada deixou por escrito – os primeiros textos sobre ele foram produzidos décadas após sua morte.
E o cristianismo já nasceu perseguido: por se recusarem a cultuar os deuses oficiais, os cristãos eram considerados subversivos pelo Império Romano, que dominava boa parte do Oriente Médio desde o século 1 a.C. Foi nesse clima de medo que os cristãos passaram a colocar no papel as histórias de Jesus, que circulavam em aramaico e também em coiné – um dialeto grego falado pelos mais pobres. “Os cristãos queriam compreender suas origens e debater seus problemas de identidade”, diz o teólogo Paulo Nogueira, da Universidade Metodista de São Paulo. Para fazer isso, criaram um novo gênero literário: o evangelho. Esse termo, que vem do grego evangélion (“boa-nova”), é um tipo de narrativa religiosa contando os milagres, os ensinamentos e a vida do Messias.
A maioria dos evangelhos escritos nos séculos 1 e 2 desapareceu. Naquela época, um “livro” era um amontoado de papiros avulsos, enrolados em forma de pergaminho, podendo ser facilmente extraviados e perdidos. Mas alguns evangelhos foram copiados e recopiados à mão, por membros da Igreja. Até que, por volta do século 4, tomaram o formato de códice – um conjunto de folhas de couro encadernadas, ancestral do livro moderno. O problema é que, a essa altura do campeonato, gerações e gerações de copiadores já haviam introduzido alterações nos textos originais – seja por descuido, seja de propósito. “Muitos erros foram feitos nas cópias, erros que às vezes mudaram o sentido dos textos. Em certos casos, tais erros foram também propositais, de acordo com a teologia do escrivão”, afirma o padre e teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás. Quer ver um exemplo?
Sabe aquela famosa cena em que Jesus salva uma adúltera prestes a ser apedrejada? De acordo com especialistas, esse trecho foi inserido no Evangelho de João por algum escriba, por volta do século 3. Isso porque, na época, o cristianismo estava cortando seu cordão umbilical com o judaísmo. E apedrejar adúlteras é uma das leis que os sacerdotes-escritores judeus haviam colocado no Pentateuco. A introdução da cena em que Jesus salva a adúltera passa a idéia de que os ensinamentos de Cristo haviam superado a Torá – e, portanto, os cristãos já não precisavam respeitar ao pé da letra todos os ensinamentos judeus.
A julgar pelo último livro da Bíblia cristã, o Apocalipse (que descreve o fim do mundo), o receio de ter suas narrativas “editadas” era comum entre os autores do Novo Testamento. No versículo 18, lê-se uma terrível ameaça: “Se alguém fizer acréscimos às páginas deste livro, Deus o castigará com as pragas descritas aqui”. Essa ameaça reflete bem o clima dos primeiros séculos do cristianismo: uma verdadeira baderna teológica, com montes de seitas defendendo idéias diferentes sobre Deus e o Messias. A seita dos docetas, por exemplo, acreditava que Jesus não teve um corpo físico. Ele seria um espírito, e sua crucificação e morte não passariam – literalmente – de ilusão de ótica. Já os ebionistas acreditavam que Jesus não nascera Filho de Deus, mas fora adotado, já adulto, pelo Senhor. A primeira tentativa de organizar esse caos das Escrituras ocorreu por volta de 142 – e o responsável não foi um clérigo, mas um rico comerciante de navios chamado Marcião.
A Bíblia segundo Marcião
Ele nasceu na atual Turquia, foi para Roma, converteu-se ao cristianismo, virou um teólogo influente e resolveu montar sua própria seleção de textos sagrados. A Bíblia de Marcião era bem diferente da que conhecemos hoje. Isso porque ele simpatizava com uma seita cristã hoje desaparecida, o gnosticismo. Para os gnósticos, o Deus do Velho Testamento não era o mesmo que enviara Jesus – na verdade, as duas divindades seriam inimigas mortais. O Deus hebraico era monstruoso e sanguinário, e controlava apenas o mundo material. Já o universo espiritual seria dominado por um Deus bondoso, o pai de Jesus. A Bíblia editada por Marcião continha apenas o Evangelho de João, 11 cartas de Paulo e nenhuma página do Velho Testamento. Se as idéias de Marcião tivessem triunfado, hoje as histórias de Adão e Eva no paraíso, a arca de Noé e a travessia do mar Vermelho não fariam parte da cultura ocidental. Mas, por volta de 170, o gnosticismo foi declarado proibido pelas autoridades eclesiásticas, e o primeiro editor da Bíblia cristã acabou excomungado.
Roma, até então pior inimiga dos cristãos, ia se rendendo à nova fé. Em 313, o imperador romano Constantino se aliou à Igreja. Ele pretendia usar a força crescente da nova religião para fortalecer seu império. Para isso, no entanto, precisava de uma fé una e sólida. A pressão de Constantino levou os mais influentes bispos cristãos a se reunirem no Concílio de Nicéia, em 325, para colocar ordem na casa de Deus. Ali, surgiu o cânone do cristianismo – a lista oficial de livros que, segundo a Igreja, realmente haviam sido inspirados por Deus.
“A escolha também era política. Um grupo afirmou seu poder e autoridade sobre os outros”, diz o padre Luigi. Esse grupo era o dos cristãos apostólicos, que ganharam poder ao se aliar com o Império Romano. Os apostólicos eram, por assim dizer, o “partido do governo”. E por isso definiram o que iria entrar, ou ser eliminado, das Escrituras.
Eles escolheram os evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João para representar a biografia oficial de Cristo, enquanto as invenções dos docetas, dos ebionistas e de outras seitas foram excluídas, e seus autores declarados hereges. Os textos excluídos do cânone ganharam o nome de “apócrifos” – palavra que vem do grego apocrypha, “o que foi ocultado”. A maioria dos apócrifos se perdeu – afinal de contas, os escribas da Igreja não estavam interessados em recopiá-los para a posteridade. Mas, com o surgimento da arqueologia, no século 19, pedaços desses textos foram encontrados nas areias do Oriente Médio. É o caso de um polêmico texto encontrado em 1886 no Egito. Ele é assinado por uma certa “Maria” que muitos acreditam ser a Madalena, discípula de Jesus, presente em vários trechos do Novo Testamento. O evangelho atribuído a ela é bem feminista: Madalena é descrita como uma figura tão importante quanto Pedro e os outros apóstolos. Nos primórdios do cristianismo, as mulheres eram aceitas no clero – e eram, inclusive, consideradas capazes de fazer profecias. Foi só no século 3 que o sacerdócio virou monopólio masculino, o que explicaria a censura da apóstola e seu testemunho. Aliás, tudo indica que Madalena não foi prostituta – idéia que teria surgido por um erro na interpretação do livro sagrado. No ano 591, o papa Gregório fez um sermão dizendo que Madalena e outra mulher, também citada nas Escrituras e essa sim ex-pecadora, na verdade seriam a mesma pessoa (em 1967, o Vaticano desfez o equívoco, limpando a reputação de Maria).
Na evolução da Bíblia, foram aparecendo vários trechos machistas – e suspeitos. É o caso de uma passagem atribuída ao apóstolo Paulo: “A mulher aprenda (...) com toda a sujeição. Não permito à mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o homem (...) porque Adão foi formado primeiro, e depois Eva”. É provável que Paulo jamais tenha escrito essas palavras – porque, na época em que ele viveu, o cristianismo não pregava a submissão da mulher. Acredita-se que essa parte tenha sido adicionada por algum escriba por volta do século 2.
Após a conversão do imperador Constantino, o eixo do cristianismo se deslocou do Oriente Médio para Roma. Só que, para completar a romanização da fé, faltava um passo: traduzir a palavra de Deus para o latim. A missão coube ao teólogo Eusebius Hyeronimus, que mais tarde viria a ser canonizado com o nome de são Jerônimo. Sob ordens do papa Damaso, ele viajou a Jerusalém em 406 para aprender hebraico e traduzir o Antigo e o Novo Testamento. Não foi nada fácil: o trabalho durou 17 anos.
Daí saiu a Vulgata, a Bíblia latina, que até hoje é o texto oficial da Igreja Católica. Essa é a Bíblia que todo mundo conhece. “A Vulgata foi o alicerce da Igreja no Ocidente”, explica o padre Luigi. Ela é tão influente, mas tão influente, que até seus erros de tradução se tornaram clássicos. Ao traduzir uma passagem do Êxodo que descreve o semblante do profeta Moisés, são Jerônimo escreveu em latim: cornuta esse facies sua, ou seja, “sua face tinha chifres”. Esse detalhe esquisito foi levado a sério por artistas como Michelangelo – sua famosa escultura representando Moisés, hoje exposta no Vaticano, está ornada com dois belos corninhos. Tudo porque Jerônimo tropeçou na palavra hebraica karan, que pode significar tanto “chifre” quanto “raio de luz”. A tradução correta está na Septuaginta: o profeta tinha o rosto iluminado, e não chifrudo. Apesar de erros como esse, a Vulgata reinou absoluta ao longo da Idade Média – durante séculos, não houve outras traduções.
O único jeito de disseminar o livro sagrado era copiá-lo à mão, tarefa realizada pelos monges copistas. Eles raramente saíam dos mosteiros e passavam a vida copiando e catalogando manuscritos antigos. Só que, às vezes, também se metiam a fazer o papel de autores.
Após a queda do Império Romano, grande parte da literatura da Antiguidade grega e romana se perdeu – foi graças ao trabalho dos monges copistas que livros como a Ilíada e a Odisséia chegaram até nós. Mas alguns deles eram meio malandros: costumavam interpolar textos nas Escrituras Sagradas para agradar a reis e imperadores. No século 15, por exemplo, monges espanhóis trocaram o termo “babilônios” por “infiéis” no texto do Antigo Testamento – um truque para atacar os muçulmanos, que disputavam com os espanhóis a posse da península Ibérica.
Escrituras em série
Tudo isso mudou após a invenção da imprensa, em 1455. Agora ninguém mais dependia dos copistas para multiplicar os exemplares da Bíblia. Por isso, o grande foco de mudanças no texto sagrado passou a ser outro: as traduções.Em 1522, o pastor Martinho Lutero usou a imprensa para divulgar em massa sua tradução da Bíblia, que tinha feito direto do hebraico e do grego para o alemão. Era a primeira vez que o texto sagrado era vertido numa língua moderna – e a nova versão trouxe várias mudanças, que provocavam a Igreja (veja quadro na pág. 65). Logo depois um britânico, William Tyndale, ousou traduzir a Bíblia para o inglês. No Novo Testamento, ele traduziu a palavra ecclesia por “congregação”, em vez de “igreja”, o termo preferido pelas traduções católicas. A mudança nessa palavrinha era um desafio ao poder dos papas: como era protestante, Tyndale tinha suas diferenças com a Igreja. Resultado? Ele foi queimado como herege em 1536. Mas até hoje seu trabalho é referência para as versões inglesas do livro sagrado.
A Bíblia chegou ao nosso idioma em 1753 – quando foi publicada sua primeira tradução completa para o português, feita pelo protestante João Ferreira de Almeida. Hoje, a tradução considerada oficial é a feita pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e lançada em 2001. Ela é considerada mais simples e coloquial que as traduções anteriores. De lá para cá, a Bíblia ganhou o mundo e as línguas. Já foi vertida para mais de 300 idiomas e continua um dos livros mais influentes do mundo: todos os anos, são publicadas 11 milhões de cópias do texto integral, e 14 milhões só do Novo Testamento.
Depois de tantos séculos de versões e contra-versões, ainda não há consenso sobre a forma certa de traduzi-la. Alguns buscam traduções mais próximas do sentido e da época original – como as passagens traduzidas do hebraico pelo lingüista David Rosenberg na obra O Livro de J, de 1990. Outros acham que a Bíblia deve ser modernizada para atrair leitores. O lingüista Eugene Nida, que verteu a Bíblia na década de 1960, chegou ao extremo de traduzir a palavra “sestércios”, a antiga moeda romana, por “dólares”. Em 2008, duas versões igualmente ousadas estão agitando as Escrituras: a Green Bible (“Bíblia Verde”, ainda sem versão em português), que destaca 1 000 passagens relacionadas à ecologia – como o momento em que Jó fala sobre os animais –, e a Bible Illuminated (‘Bíblia Iluminada”, em inglês), com design ultramoderno e fotos de celebridades como Nelson Mandela e Angelina Jolie.
A Bíblia se transforma, mas uma coisa não muda: cada pessoa, ou grupo de pessoas, a interpreta de uma maneira diferente – às vezes, com propósitos equivocados. Em pleno século 21, pastores fundamentalistas tentam proibir o ensino da Teoria da Evolução nas escolas dos EUA, sendo que a própria Igreja aceita as teorias de Darwin desde a década de 1950. Líderes como o pastor Jerry Falwell defendem o retorno da escravidão e o apedrejamento de adúlteros, e no Oriente Médio rabinos extremistas usam trechos da Torá para justificar a ocupação de terras árabes. Por quê? Porque está na Bíblia, dizem os radicais. Não é nada disso. Hoje, os principais estudiosos afirmam que a Bíblia não deve ser lida como um manual de regras literais – e sim como o relato da jornada, tortuosa e cheia de percalços, do ser humano em busca de Deus. Porque esse é, afinal, o verdadeiro sentido dessa árvore de histórias regada há 3 mil anos por centenas de mãos, cabeças e corações humanos: a crença num sentido transcendente da existência

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Documentário resgata história sobre o Rio Acaraú

Publicado em 4 de dezembro de 2011
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O rio Acaraú passa por vários municípios da Zona Norte do Estado, inclusive, Sobral, onde se tornou um dos pontos turísticos para os visitantes da cidade
FOTO: CID BARBOSA
O diretor Roberto Bomfim está visitando os diversos Municípios que são cortados pelo rio, iniciando por Tamboril
Sobral Gabaritado por ter sido roteirista de documentários famosos no Ceará, Roberto Severino Bomfim Júnior está com um novo desafio. Ele, mais a produtora Set Oceano Filmes, está desenvolvendo o projeto "Rio Acaraú, o Gigante do Norte". O documentário a ser filmado nos meses de dezembro e janeiro pretende retratar as tradições folclóricas e culturais do povo ribeirinho do Acaraú.

A pré-produção já começou por Tamboril, Varjota, Cariré, Groaíras e Sobral. Nesta semana, segue para Santana do Acaraú, Morrinhos e Marco. Na próxima semana, vai para Cruz, Bela Cruz e Acaraú. "Temos, no nosso roteiro, o resgate dessas manifestações, como reisados, grupos quilombolas, mestres da cultura; enfim, queremos resgatar esta memória imaterial do Acaraú", destaca o diretor roteirista, Roberto Bomfim.

Depoimentos
O documentário terá depoimentos expressivos de ribeirinhos, produtores culturais, historiadores, pesquisadores e estudiosos da cultura da região, como Lustosa da Costa, Batista de Lima, Gilmar de Carvalho, Juarez Leitão, Francisco Pinheiro, Cid Gomes, Ciro Gomes, Artur Bruno, Auto Filho, Clodoveu Arruda, Virgílio Maia e Campelo Costa.

Para viabilizar o documentário, que ainda não tem nome definido, Roberto Bomfim está percorrendo as diversas cidades retratadas para conseguir verba suficiente para as filmagens e edição. Este trabalho deve ser concluído na próxima semana e as filmagens começam logo em seguida.

Caravana
"Com ele pronto, vamos passar em caravana por todos Municípios documentados para exibição de gala do filme. Depois, a ideia de exibição mediante convênio com tevês abertas e fechadas, além de distribuirmos em forma de DVD para bibliotecas, escolas, faculdades, universidades, centros culturais cearenses, prefeituras e organizações não governamentais. Temos ainda a ideia de tradução para inglês, espanhol e francês para exibição em ONGs da França, Espanha e Portugal", informa Roberto Bomfim. O projeto, que tem a chancela da Fundação Educacional Presidente Kennend, de Guaraciaba do Norte, segundo Bomfim, quer dar lição da inteligência dos bravos sertanistas, índios e estrangeiros, que conquistaram e valorizaram o Norte do Ceará com suas tradições, costumes e culturas.

Duração
O documentário terá 50 minutos de duração e deve ser finalizado em 31 de janeiro de 2012. "Nossa expedição percorrerá 320 quilômetros, destacando os primeiros exploradores da Zona Norte, como os índios, franceses e portugueses", revela. Conforme Bomfim, o documentário quer resgatar antigos hábitos pertinentes à cultura do povo ribeirinho. "Vamos documentar o processo criativo das lendas, seu aprimoramento e extinção". O diretor ressalta que o documentário partirá dos dias de hoje e remontará a história. "Partiremos de uma realidade atual, muito diferente da encontrada no passado, no tocante aos aspectos culturais, sociais e político e, a partir dela, resgatando histórias que foram esquecidas ao longo do tempo".

domingo, 4 de dezembro de 2011

Sertão dos Inhamuns celebra solidão de ´cidade fantasma´

Publicado em 4 de dezembro de 2011

por Diario do Nordeste
 
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A vegetação encobre parte dos casebres em ruínas
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Dois imóveis que foram preservados
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Uma casa até hoje ocupada pela pequena comunidade
FOTOS: SILVANIA CLAUDINO
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O outro imóvel ocupado por uma família está em melhores condições e possue um alpendre
O maior distrito de Parambu, Cococi, já se tornou histórico, por não ter vida própria e contar com apenas 7 habitantes
Parambu No dia de Nossa Senhora da Conceição,8 de dezembro, este Município e especialmente o seu maior distrito, Cococi, sofrem alterações na sua rotina. Distante 63km da sede do distrito, os sete habitantes da "cidade fantasma", como é conhecido o distrito que foi Município até 1968, vivem numa área submetida à desertificação, no meio do Sertão dos Inhamuns. Convivem com prédios em ruínas, o isolamento, silêncio e a solidão. Somente neste período do ano, há movimentação em Cococi.

"É o tempo todo assim, somente a gente. Calmo, sem movimento e muito silêncio. Mas já sou acostumada. A animação é no período da festa, parece que nem é aqui, é tanta gente e muita alegria e animação. Quando termina e sai todo mundo, fica ruim. Um vazio. Então, sinto falta de gente. Depois acostumo de novo", relata Maria Clenilda Lô, uma das moradoras que habita o lugar. A sua família, composta por três pessoas, reside em uma das duas casas em condições de moradia na sede do distrito. Há outra família, com quatro integrantes, na outra residência.

A Igreja, construída por volta de 1740, é a única construção intacta e preservada no local. Pintada de branca, bem cuidada, a construção é de grande beleza arquitetônica. Destoa dos prédios caídos, deteriorados e ruínas que compõem a paisagem de Cococi.

Segunda maior
A festa em homenagem à padroeira é a segunda maior do Município, ficando atrás apenas da festa de São Pedro, padroeiro de Parambu. Chama a atenção pelo grande público, vindo do próprio Município, das vizinhas cidades de Tauá, Arneiroz, Aiuaba, Quiterianópolis, de municípios do Cariri e até de outros Estados do País. Muitos filhos de Parambu e as gerações da família Feitosa escolhem esse período para visitar o Município de Parambu, renovar a fé e rever familiares.

O centro da comemoração é a festa religiosa, composta por novenas, celebrações, batizados e sacramentos. Mas a movimentação vai além da programação religiosa. Tem festejo social. Barracas, serestas, shows, desfiles, escolha da rainha, bingos e leilões fazem de Cococi o lugar mais animado e frequentado de Parambu neste dia.

Devoção
O atual pároco de Parambu é natural do Cariri e está no Município há menos de dois anos. Diz-se impressionado com a fé e fervor da população nos festejos da padroeira de Cococi. "É uma das maiores festas aqui da Paróquia. Um festejo específico e um fenômeno incomum, pela devoção, fé e participação das comunidades e, especialmente, porque moram lá somente duas famílias. No período da festa, aparece gente de todo canto", classifica o padre Márcio Claudi.

O pároco diz que fenômenos religiosos com tamanha devoção e participação em uma região distante, de difícil acesso e com poucos habitantes, são raros. Atribui à forte questão histórica da antiga cidade e à devoção à Imaculada Conceição. "Não estranho pelo fato de vir de uma região cuja religiosidade também é muito forte, mas admiro porque a situação aqui é diferenciada. O distrito é grande, mas pouco habitado e as comunidades muito distantes, com acesso ruim e isso tudo não impede que seja uma grande festa à Nossa Senhora", reflete.

A devoção do povo é tão forte que nos dias da festa ocorrem procissões, romarias, momento mariano e até um acontecimento tradicional organizado pela família Feitosa, conhecido como "burrada". Membros que residem em Teresina, no Piauí, vêm à Cococi a cavalo. "Eles formam um grupo e chegam ao local na véspera da festa, todos os anos", lembra Albetiza Noronha, do Museu Municipal.

Muitas pessoas em Parambu e Municípios vizinhos se preparam para pagar promessas à Imaculada Conceição, sustentando antiga tradição. "Forma-se grupos de pessoas que receberam bênçãos e milagres e vão à festa em procissão, a pé", destaca Albetiza.

Resgate
Para Vital Feitosa, que nasceu e viveu sua infância em Cococi, preservar a tradição dessa festa e da antiga cidade é importante para as novas gerações da família, que fundou Cococi.

Desde pequeno, Vital participa das procissões. "Eu lembro da festa dos vaqueiros quando era criança e hoje meus parentes vêm da cidade de Teresina, tentam resgatar e preservar esses costumes, com a realização da ´burrada´. Participo e também colaboro com essa festa histórica", revela.

Programação
Com o tema "Com Nossa Senhora da Conceição queremos cuidar da vida, dom de Deus", a festa iniciou no último dia 29 de novembro e encerra dia 8 de dezembro. Todas as noites ocorrem celebrações, presididas por padres de Parambu e região. As comunidades do distrito participam, mas o ápice é no dia 8, em que são realizados procissão, missas e batizados. Neste dia, a "cidade fantasma" perde o silêncio e ganha muitos