Legislativo quer explicações sobre comércio de jumentos
22.03.2012
Jumentos recolhidos em estradas são levados para Santa
Quitéria
FOTO: WILSON GOMES
Acordo para a venda de jumentos do NE para a China está
sendo questionado por parlamentares
Fortaleza. Um acordo celebrado há cerca de um mês entre os
governos brasileiro e chinês, liberando a exportação de jumentos para a China,
está sendo objeto de questionamento pelo Congresso Nacional. Por iniciativa do
deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB/SP), foi pedida explicações ao
Ministério do Exterior, sobre o tratado, que visa ao abate e ao aproveitamento
do animal em experiência de laboratório para fins de cosméticos. Pelo acordo,
serão vendidos 300 mil jumentos por ano.
Em ofício enviado ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, o
parlamentar paulista manifestou repúdio e descontentamento acerca do acordo
firmado. O ato tem recebido apoio de outros congressistas, inclusive da base
aliada do Governo Federal, como o deputado Chico Lopes (PCdoB/CE), que também
manifestou repúdio pela exportação para comercialização da carne e experimentos
de vivissecção (que é experiência com animais em prol da pesquisa científica).
Na avaliação de Tripoli, conforme sua assessoria, a repulsa não se restringe às
questões de ordem cultural ou econômica, mas esbarra em entraves técnicos e
éticos, além de ser "descabida" a justificativa de superpopulação, o
que demandaria ações eficazes de gerenciamento de saúde pública local.
Essa iniciativa foi comemorada pela presidente da União Internacional de
Proteção Animal (Uipa/CE), Geuza Leitão, que disse ser contrária a esse acordo
desde seu anúncio, porque vê questões culturais e jurídicas.
Segundo Geuza, a própria Constituição Federal, através do artigo 225, no
parágrafo primeiro e item 7º, que trata da fauna, proíbe práticas que provoquem
a extinção da espécie ou que submetam aos animais à crueldade. "Os
animais, pela Lei, são tutelados pelo Estado. Desse modo, não podem ser
vendidos e não se pode lucrar", afirma Geuza.
Luta
A presidente da Uipa/CE diz que é antiga a luta da entidade por uma maior
sensibilidade com o jumento, que ao longo do tempo é tido como o problema pelo
poder público e deixou de ser relevante no meio rural, como animal de carga ou
transporte.
Com isso, grande quantidade desses animais são abandonados pelas estradas e nos
seus entornos, nas regiões do interior, padecendo de doenças e causando
acidentes de trânsito nas rodovias nordestinas. Abandonados, acorrem para as
pistas, sendo atingidos pelos veículos.
Sem consulta
"Tratou-se de uma medida autoritária, haja vista que não houve nenhuma
consulta à sociedade e é mais uma forma de se dar um fim a qualquer preço,
quando podemos pensar numa saída mais justa", afirma Geuza.
Lembra que uma das primeiras alternativas pensadas para eliminar os jumentos do
cenário rural cearense foi a construção de um moderno matadouro em Santa Quitéria. A
ideia seria transformar a carne do animal em produtos industrializados como
mortadelas, salsichas e carne "in natura" para exportação. Esse
investimento foi por posto por terra, graças aos ambientalistas e à sociedade
protetora dos animais que conseguiu sensibilizar os prováveis países
compradores, como Bélgica e a Holanda, a não comprar esses produtos. Uma das
explicações dissuasórias foi de que poderiam transmitir doenças.
Atualmente, os animais são recolhidos pelo Departamento Estadual de Trânsito
(Detran-CE) e encaminhados para uma fazenda em Santa Quitéria. Para
Geuza, o exemplo do Ceará poderia servir para todo os Estados nordestinos.
De acordo com o gerente do Núcleo de Regionais, João Carlos Macedo, são
recolhidos por ano um número em torno de 1000 a 1.200 animais nas rodovias estaduais,
sendo que os jumentos representam mais de 90%. "Hoje, temos 13 caminhões
que percorrem 90 mil km/mês. Esse é um trabalho que vem se intensificando e
objetiva diminuir os acidentes de trânsitos, ocasionados por animais",
afirma Macedo.
Na fazenda em Santa
Quitéria , os animais são assistidos por veterinários, sendo
ministradas as vacinas adequadas para cada espécie. Macedo lembra que em 2009,
houve 89 acidentes envolvendo animais com quatro óbitos. Em 2010, o número
somou 119 com 9 mortes, e em 2011, 96 ocorrências com cinco óbitos. Os animais
recolhidos são levados para currais de apoio, onde permanecem por 10 dias para
que sejam resgatados pelos seus donos. Somente exaurido esse prazo é que se
destinam para a fazenda de Santa Quitéria.
Legislativo quer explicações sobre comércio de jumentos
Jumentos recolhidos em estradas são levados para Santa
Quitéria
FOTO: WILSON GOMES
Acordo para a venda de jumentos do NE para a China está
sendo questionado por parlamentares
Fortaleza. Um acordo celebrado há cerca de um mês entre os
governos brasileiro e chinês, liberando a exportação de jumentos para a China,
está sendo objeto de questionamento pelo Congresso Nacional. Por iniciativa do
deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB/SP), foi pedida explicações ao
Ministério do Exterior, sobre o tratado, que visa ao abate e ao aproveitamento
do animal em experiência de laboratório para fins de cosméticos. Pelo acordo,
serão vendidos 300 mil jumentos por ano.
Em ofício enviado ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, o
parlamentar paulista manifestou repúdio e descontentamento acerca do acordo
firmado. O ato tem recebido apoio de outros congressistas, inclusive da base
aliada do Governo Federal, como o deputado Chico Lopes (PCdoB/CE), que também
manifestou repúdio pela exportação para comercialização da carne e experimentos
de vivissecção (que é experiência com animais em prol da pesquisa científica).
Na avaliação de Tripoli, conforme sua assessoria, a repulsa não se restringe às
questões de ordem cultural ou econômica, mas esbarra em entraves técnicos e
éticos, além de ser "descabida" a justificativa de superpopulação, o
que demandaria ações eficazes de gerenciamento de saúde pública local.
Essa iniciativa foi comemorada pela presidente da União Internacional de
Proteção Animal (Uipa/CE), Geuza Leitão, que disse ser contrária a esse acordo
desde seu anúncio, porque vê questões culturais e jurídicas.
Segundo Geuza, a própria Constituição Federal, através do artigo 225, no
parágrafo primeiro e item 7º, que trata da fauna, proíbe práticas que provoquem
a extinção da espécie ou que submetam aos animais à crueldade. "Os
animais, pela Lei, são tutelados pelo Estado. Desse modo, não podem ser
vendidos e não se pode lucrar", afirma Geuza.
Luta
A presidente da Uipa/CE diz que é antiga a luta da entidade por uma maior
sensibilidade com o jumento, que ao longo do tempo é tido como o problema pelo
poder público e deixou de ser relevante no meio rural, como animal de carga ou
transporte.
Com isso, grande quantidade desses animais são abandonados pelas estradas e nos
seus entornos, nas regiões do interior, padecendo de doenças e causando
acidentes de trânsito nas rodovias nordestinas. Abandonados, acorrem para as
pistas, sendo atingidos pelos veículos.
Sem consulta
"Tratou-se de uma medida autoritária, haja vista que não houve nenhuma
consulta à sociedade e é mais uma forma de se dar um fim a qualquer preço,
quando podemos pensar numa saída mais justa", afirma Geuza.
Lembra que uma das primeiras alternativas pensadas para eliminar os jumentos do
cenário rural cearense foi a construção de um moderno matadouro em Santa Quitéria. A
ideia seria transformar a carne do animal em produtos industrializados como
mortadelas, salsichas e carne "in natura" para exportação. Esse
investimento foi por posto por terra, graças aos ambientalistas e à sociedade
protetora dos animais que conseguiu sensibilizar os prováveis países
compradores, como Bélgica e a Holanda, a não comprar esses produtos. Uma das
explicações dissuasórias foi de que poderiam transmitir doenças.
Atualmente, os animais são recolhidos pelo Departamento Estadual de Trânsito
(Detran-CE) e encaminhados para uma fazenda em Santa Quitéria. Para
Geuza, o exemplo do Ceará poderia servir para todo os Estados nordestinos.
De acordo com o gerente do Núcleo de Regionais, João Carlos Macedo, são
recolhidos por ano um número em torno de 1000 a 1.200 animais nas rodovias estaduais,
sendo que os jumentos representam mais de 90%. "Hoje, temos 13 caminhões
que percorrem 90 mil km/mês. Esse é um trabalho que vem se intensificando e
objetiva diminuir os acidentes de trânsitos, ocasionados por animais",
afirma Macedo.
Na fazenda em Santa
Quitéria , os animais são assistidos por veterinários, sendo
ministradas as vacinas adequadas para cada espécie. Macedo lembra que em 2009,
houve 89 acidentes envolvendo animais com quatro óbitos. Em 2010, o número
somou 119 com 9 mortes, e em 2011, 96 ocorrências com cinco óbitos. Os animais
recolhidos são levados para currais de apoio, onde permanecem por 10 dias para
que sejam resgatados pelos seus donos. Somente exaurido esse prazo é que se
destinam para a fazenda de Santa Quitéria.
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